29 de agosto de 2008

Lobo Frontal com Bacalhau



Até pouco tempo atrás, o lobo frontal não era muito conhecido. Atualmente, através das técnicas de neuroimagem, pode-se ter uma noção de sua estrutura e seu funcionamento. A partir disso, descobriu-se que o lobo frontal era dividido em três partes: a) córtex pré-central, b) córtex pré-motor e c) córtex pré-frontal.

O Córtex pré-central ou córtex motor primário funciona como um mediador dos movimentos voluntários; caso haja lesão nessa região a pessoa apresentará redução de força e rapidez dos movimentos, paralisia das partes correspondentes do corpo e diminuição da habilidade para contrair os músculos.

O Córtex pré-motor relaciona-se com a integração dos atos motores e seqüências de ações aprendidas. Lesões nessa região ocasionam prejuízo nas habilidades motoras, movimentos descontínuos ou sem coordenação, além de interrupção da integração de componentes motores de atos complexos. A área motora suplementar também pode ser incluída nesse córtex, estando envolvida na programação e planejamento das atividades motoras e iniciação dos movimentos voluntários. Uma lesão nessa área prejudica a execução dos movimentos voluntários, incluindo os movimentos finos das mãos, empobrecimento da fala espontânea e redução da espontaneidade.

O Córtex pré-frontal é a maior das três divisões. Quando as pessoas se referem à síndrome frontal relacionam ao prejuízo dessa região. Ele tem como principal função o planejamento e a análise das conseqüências de ações futuras, altamente relacionado ao comportamento. Lesões nessa região provocam prejuízo das funções cognitivas, afeto, humor, comportamento social, movimento, alterações de personalidade e conduta.

Nas próximas postagens, esclarecerei mais especificamente como uma lesão no lobo frontal pode alterar funções cognitivas distintas.

Para saber mais:
Nitrini, R.; Caramelli, P. e Mansur, L. Neuropsicologia: das bases anatômicas à reabilitação. Conceitos anatômicos básicos em neuropsicologia. GNCC, 2003.

Imagem:
http://www.beliefnet.com/healthandhealing/images/frontal_lobe.jpg

26 de agosto de 2008

Lev Vygotsky com Sopa Borscht



Além de Jean Piaget, outros teóricos se preocuparam com a questão do desenvolvimento humano, um deles foi o psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky. Esse teórico possuia uma abordagem sociointeracionista, onde acreditava que o desenvolvimento humano se dava pela relação das trocas sociais através dos processos de interação e mediação. Diferente de Piaget que era construtivista, e acreditava que o desenvolvimento era cosntruído através da interação do desenvolvimento biologógico e das aquisições da criança com o meio.


Para Vigotsky, o desenvolvimento humano se dava por um processo histórico-social, tendo a linguagem um papel fundamental nesse período. Vygostky apresentava como pressuposto básico a idéia de que a aquisição do conhecimento era realizado pela interação do sujeito com o meio; o indivíduo é um ser interativo que adquire seu conhecimento a partir das relações intra e interpessoais e da troca com o meio onde vive, processo esse chamado mediação.


Em comparação à Piaget, Vygotsky enfatizava o papel do ambiente no desenvolvimento intelectual da criança, acontecendo 'de fora para dentro' através da internalização, que seria a absorção de conhecimento proveniente do contexto. Dando então maior ênfase nas influências sociais, em vez das biológicas.

Para saber mais:

Rabello, E e Passos, J.S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Retirado de: http://www.josesilveira.com/artigos/vygotsky.pdf

Vygotsky, L.S. A Formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.

Vygotsky, L.S. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998.

Imagem:
http://rafaelninno.googlepages.com/Inlakesh.JPG/Inlakesh-full.jpg

25 de agosto de 2008

Estágio Operatório Formal Gratinado


Este estágio é o último na teoria de Piaget e têm seu início aos 12 anos aproximadamente. Nele, a criança torna-se capaz de raciocinar sobre proposições que ainda não acredita ou que considera hipóteses, sendo também, capaz de inferir conseqüências. Ou seja, há o surgimento dos processos de pensamento hipotético-dedutivos.


Nesse período, a criança não se limita somente na representação imediata, nem nas relações previamente existentes, o que o torna capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro da lógica formal. A partir dessa lógica, a criança adquire capacidade de criticar os sistemas sociais e propor novos códigos de conduta.


Ao atingir esse estágio, o sujeito alcança a etapa final de equilíbrio, conseguindo assim adquirir um padrão intelectual que persistirá durante a idade adulta. Contudo, isso não quer dizer que seu desenvolvimento cognitivo tenha se estagnado. O ápice adquirido na adolescência será sua forma predominante de raciocínio na fase adulta. Posteriormente, haverá a ampliação de conhecimentos, mas não de novos funcionamentos mentais.

Para saber mais:

Rappaport, C.R.; Fiori, W.R.; Davis, C. e Herzberg, E. Psicologia do Desenvolvimento (volume 4): A idade escolar e a adolescência. São Paulo: EPU, 1982.

Sternberg, R. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Imagem:
http://www.youthblog.org/archives/Calvin%20becomes%20a%20teenager.jpg

24 de agosto de 2008

Estágio Operatório Concreto Frito

O estágio operatório concreto compreende as idades de 7 a 11-12 anos. Nesse período, as crianças já são capazes de manipular mentalmente as representações internas, isto é, já possuem idéias e memória dos objetos, assim como realizar operações com elas. Entretanto, somente com objetos concretos.

O egocentrismo cognitivo e social é deixado de lado dando lugar ao surgimento da capacidade de estabelecer relações e coordenar pontos de vistas diferentes (dela própria e dos outros), além de integrá-los de maneira lógica e coerente.



Resumindo, a criança já pode manipular representações internas de objetos e de substâncias concretas, conservando mentalmente a noção de quantidade e o pensamento é reversível. Porém, as operações cognitivas agem sobre as representações cognitivas de eventos físicos reais.

Para saber mais:
Sternberg, R. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Imagem:
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/arq/r/pt/901/notcont4475.jpg

22 de agosto de 2008

Estágio Pré-Operatório à Milanesa


Esse período compreende os dois anos até os sete anos de idade. Para Piaget, o aparecimento da função simbólica, ou seja, emergência da linguagem é o que marca a passagem do estágio anterior para o atual. Pode também ser chamado de estágio da Inteligência Simbólica.


Nesse estágio, a criança já não depende unicamente de suas sensações e de seus movimentos, distingue a imagem, palavra ou símbolo daquilo que ele significa. Além disso, apresentam centração, que é uma tendência para focalizar apenas o aspecto observável do objeto ou de uma determinada situação. A criança percebe os estados momentâneos, sem juntá-los em um todo, isto é, possui uma percepção global.


A partir do surgimento do pensamento representativo, há o desenvolvimento da comunicação verbal, entretanto, possuindo uma fala egocêntrica, centrada em si mesma, não conseguindo se colocar no lugar do outro.


Esse período é marcado pela irreversibilidade, onde a criança parece ser incapaz de compreender a existência de fenômenos reversíveis, como por exemplo, quando colocamos duas bolas iguais de massinhas, pegamos uma e a colocamos em outro formato; ou quando a água é transformada em gelo e depois voltando ao estado original.


Assim, mesmo que a criança apresente uma capacidade de atuar de forma lógica e coerente, também apresentará um entendimento da realidade desiquilibrado. O desenvolvimento conceitual e lingüístico desse estágio abrirá caminho para o desenvolvimento de estágio seguinte.

Para saber mais:

Sternberg, R. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Biaggio, A.M.B. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1976.

Imagem:

http://www.badaueonline.com.br/dados/imagens/criancas.jpg

21 de agosto de 2008

Estágio Sensório-Motor Ao Forno

O estágio sensório-motor é o primeiro estágio do desenvolvimento humano, tem seu início no nascimento até os dois anos de idade aproximadamente. Neste estágio, há um aumento na capacidade sensorial (input) e motora (output).

Inicialmente, as primeiras adaptações do bebê são reflexivas, aos poucos começam a assimilar o meio construindo esquemas de ação, isto é, gradualmente, obtêm controle consciente e intencional sobre suas ações motoras.

A cognição está relacionada ao que eles podem perceber imediatamente através dos sentidos, sendo direto e imediato seu contato com o meio. Nesse período não representam os objetos mentalmente, assim como ausência da capacidade simbólica.

Em torno dos dois anos de idade, esses esquemas de ação convertem-se para esquemas representativos (representações internas de estímulos externos), devido ao surgimento da função simbólica.

Exemplo: reflexo de sucção e o movimento dos olhos.

Para saber mais:

Sternberg, R. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008.

Biaggio, A.M.B. Psicologia do Desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 1976.

Imagem:

http://www.supernanny.com.br/imagens/estimular_imaginacao.jpg


20 de agosto de 2008

Desenvolvimento Cognitivo em Piaget ao molho pardo

Para o melhor entendimento de Piaget, é necessário entrar em contato com três postulados centrais delineados por ele. O primeiro diz respeito à uma organização interna da cognição humana. Já o segundo, refere-se a essa organização interna como único modo de funcionamento responsável do organismo, não variando ao longo dos anos. E por fim, a interação entre o organismo e o ambiente através dos invariantes modos de funcionamento, havendo uma adaptação das estruturas cognitivas, assim como o desenvolvimento das mesmas (processo de organização).

Piaget acredita que o desenvolvimento cognitivo é organizado por estruturas mentais compostas por “esquemas de ação” e “operações de caráter lógico-matemático” que inicialmente, são estruturas inatas, mas que ao longo do desenvolvimento vão amadurecendo e adquirindo através do meio um processo de “equilibração”.

Durante esse processo adaptativo, haveria uma assimilação do novo “conhecimento” ao velho e uma acomodação do velho conhecimento ao novo, mantendo um equilíbrio no funcionamento cognitivo. Isto é, o desenvolvimento cognitivo é um processo de equilibrações sucessivas dos esquemas (estruturas cognitivas).

Desta forma, à medida que a criança se adapta continuamente ao ambiente, ela vai vivenciando seu desenvolvimento em estágios ou períodos distintos. Piaget dividiu o desenvolvimento cognitivo em quatro estágios principais: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.


Para saber mais:
Filho, M.L.S. Relações entre aprendizagem e desenvolvimento em Piaget e em Vigotsky: dicotomia ou compatibilidade? Rev. Diálogo Educ., Curitiba, V.8, n.23, p.265-275, jan/abr, 2008.

Imagem:

bp3.blogger.com/.../s400/esquema_piaget.png

19 de agosto de 2008

Jean Piaget com Queijo Suiço



Na teoria piagetiana, o desenvolvimento do ser humano pode ser relacionado a dois fatores: a hereditariedade e a adaptação biológica como o crescimento e maturação do sistema nervoso central, e fatores ambientais, tais como experiência, estimulação motora, nutrição e as condiçõe s sócio-econômicas e afetivas.


O desenvolvimento cognitivo é um processo de mudanças qualitativas e quantitativas sucessivas das estruturas cognitivas, onde a criança constrói e reconstrói esses esquemas, diversificando, diferenciando e combinando entre si.


Piaget acreditava que o desenvolvimento ocorria em estágios, que evoluem pela equilibração, onde as crianças procuram um equilíbrio entre o que encontram no ambiente, as estruturas e aos processos cognitivos.

Para saber mais:
Piaget, J. A formação do símbolo na criança. Rio de Janeiro: Zahar, 1973.

Imagem:
http://www.softplayzone.co.uk/softplayzone/images/products/L_prod_mat001.jpg

13 de agosto de 2008

Neuropsicologia do desenvolvimento ao molho de alcaparras


Desde o nascimento, a criança está em constante evolução, seja fisicamente, neurologicamente, ou psicologicamente, adquirindo assim uma maior complexidade no ponto de vista ontogenético. O desenvolvimento humano é um processo contínuo que apresenta dois processos principais: o crescimento e desenvolvimento, agentes de modificações e aquisições nesse período. Há padrões definidos de crescimento físico e de aumentos nas capacidades motoras e cognitivas, o desenvolvimento é padronizado e continuo, mas nem sempre uniforme e gradual.

Todas as características e habilidades do sujeito, assim como as alterações no desenvolvimento são produtos da maturação, das mudanças orgânicas neurofisiológicas e bioquímicas que ocorrem no corpo da pessoa. Normalmente, essas mudanças são independentes das condições ambientais, das experiências relacionado à aprendizagem e ao treino. Enquanto a criança não tiver atingido determinado grau de maturidade, não adquirirá certas habilidades cognitivas.

Durante o período maturacional, existem períodos críticos ou sensíveis ao desenvolvimento de certos órgãos do corpo e de certas funções cognitivas, onde no caso de haver alguma alteração no desenvolvimento normal durante esses períodos, é possível o surgimento de deficiências ou disfunções permanentes.


Para saber mais:


Annunciato, N.F.; Da-Silva, C.F. Desenvolvimento do sistema nervoso. Temas sobre desenvolvimento, São Paulo, v.4, n.24, p.35-46, abr. 1995.


Pinheiro, M. S. Aspectos Bio-Psico-Sociais da Criança e do Adolescente. Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan/ CEDECA, 1996.

Imagem:

http://www.cpep-fisio.com.br/fotos/gifs/OMScresc.gif

12 de agosto de 2008

N-back ao molho de maracujá


A memória de trabalho tem sido descrita e discutida de várias maneiras: como um sistema cognitivo de armazenamento temporário e manipulação de informações armazenadas, como um tipo de memória que é ativa e relevante por um curto período, e mais especificamente, como um processo através do qual um estímulo lembrado é manipulado "on-line" para orientar o comportamento na ausência de dicas externas ou instruções.


Atualmente, uma tarefa bastante utilizada para se avaliar a memória de trabalho é o “N-Back”. A tarefa é baseada numa série de estímulos que são apresentados, onde o participante deve monitorá-los e responder toda vez que um estímulo apresentado for idêntico ao que foi apresentado “n” tentativas anteriores, normalmente, 1, 2 ou 3. Nesta tarefa, é necessário o acompanhamento, a atualização e a manipulação on-line de informações, processos chaves do funcionamento da memória de trabalho. Diversos estudos foram realizados incluindo diferentes tipos de estímulos, utilizando várias modalidades de entrada (visual – incluindo espacial, auditivo e olfatório).



Para saber mais:
Owen, A.M; McMillan, K.M.; Laird, A.R. e Bullmore, E. N-Back Working Memory Paradigm: A Meta-Analysis of Normative Functional Neuroimaging Studies. Human Brain Mapping 25:46-59, 2005.

Imagem:
http://www.pnas.org/content/105/19/6829/F1.medium.gif