26 de março de 2010

Treinamento cognitivo com o paradigma N-Back

A avaliação adequada de tais prejuízos nos processos da memória de trabalho e as devidas intervenções cognitivas permitem melhorias no desempenho acadêmico e na inteligência fluida, assim como possíveis correções ou ajuda nos processos associados com os distúrbios de aprendizagem. O desenvolvimento de ferramentas que possibilitem a correta avaliação e um treinamento apropriado da memória de trabalho possui valor intrínseco para o profissional da saúde e educação. Para tanto, o paradigma de treinamento “n-back” tem sido largamente utilizado.


O paradigma “n-back” exige um monitoramento “on-line” mental, atualização de conteúdo e manipulação da informação a ser lembrada, demandando grande esforço no que diz respeito a um número de processos-chave da memória de trabalho. De forma geral, o participante deve monitorar uma série de estímulos e responder apenas quando um determinado estímulo (previamente discriminado) é mostrado, que é o mesmo apresentado em n “ensaios” anteriores (onde o n é um valor pré-estabelecido, geralmente 1, 2 ou 3 “ensaios”). Um número robusto de estudos utilizaram diferentes tipos de estímulos tais como visual-espacial, auditivo e olfativo, no paradigma “n-back”, relacionando distintas habilidades da memória de trabalho à áreas cerebrais.


O paradigma “n-back” é bastante utilizado tanto como uma medida segura de memória de trabalho e funções relacionadas, assim como também é empregado, com sucesso, no treinamento da própria memória de trabalho, seja por efeitos de transferência entre as funções cognitivas ou por efeitos diretos, agindo como instrumento confiável de intervenção cognitiva. Além disso, o uso do paradigma “n-back” como ferramenta educacional em diferentes faixas etárias permite o reforço e até mesmo a correção em etapas cruciais no desenvolvimento de diferentes funções cognitivas nas crianças, além de possibilitar o planejamento de intervenções futuras.

Para saber mais:

Jaeggi, S. M.; Buschkuehl, M.; Jonides, J.; Perrig, W. J. Improving fluid intelligence with training on working memory. Proceedings of National Academy of Science of USA, vol. 105, p. 6829-6833, 2008

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http://www.regina.blog.trix.net/images/4764_malabares.jpg

17 de março de 2010

Geração Y, eis a questão...com snacks



Desde que me conheço por gente, os videogames existem. Ao longos dessas décadas (não muitas rs), observei que eles também evoluíram, do Atari, Phanton, Master System, Megadrive, Nintendo, Playstation e por aí vai... Não só os videogames, mas os computadores pessoais, vugos PCs. Meu primeiro contato foi com o XT do meu avó: grande, barulhento, monocromático, mas simplesmente, achava o máximo. Lembram dos precursores do Word - Carta Certa, Excel - Lotus 123? Inventava coisas para digitar só para ter o prazer de poder usufruir dessa tecnologia. Mal imaginava o que estava por vir.

A Geração Y, também referida como Geração da internet ou Geração Milleninals, compreende as pessoas que nasceram após 1980, geração que me incluo. Nossa geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos, crescendo e vivendo em ação, executando mil atividades ao mesmo tempo. E é claro, consumindo e difundindo muita tecnologia.

Mas será que todo esse excesso de informação fez bem para nós?
Será que seríamos mais saudáveis se não tivessemos sido expostos a tanto estímulos?
Videogames, internet, aplicativos para smartphones podem ajudar as crianças em seu processo educacional?
Será, será, será???

Bom, aqui inicio minha jornada do doutorado. Discutindo muita tecnologia, inovações, games, aplicativos, testes computadorizados, treinamento e estimulação cognitiva e como tudo isso influenciou nossa vida de neuropsicólogo, mais especificamente.
Espero que vocês se divirtam tanto quanto eu!

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http://www.debretts.com/etiquette/home-life/the-family/children/etiquette-for-children/children-and-new-technology.aspx

10 de março de 2010

Questões éticas a la minuta



Pesquisas sobre o comportamento humano podem envolver riscos, originando assim algumas questões éticas. Em virtude disso, os pesquisadores estabeleceram procedimentos e orientações que devem ser seguidas antes de qualquer método investigativo.

Inicialmente, toda pesquisa precisa passar por um comitê ético, encarregado de analisar e aprovar qualquer projeto envolvendo seres humanos. Posteriormente, um termo de consentimento livre e esclarecido deve ser elaborado e entregue para os responsáveis informando sobre a pesquisa e seus procedimentos. Estes devem dar um consentimento por escrito para participar da pesquisa e ao final da mesma.

Além disso, os sujeitos devem ser assegurados de que as informações coletadas serão mantidas em sigilo e os dados serão usados coletivamente sem a possível identificação da pessoa. Caso, ao longo da pesquisa, não haja mais interesse em sua participação, o termo pode ser quebrado sem qualquer ônus ou constrangimento.

Para saber mais:

Uehara, E. Ontogênese das funções cognitivas: Uma abordagem neuropsicológica. Dissertação de mestrado PUC-Rio, 2010.

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http://www.childrenshomeofrdg.org/images/626000sm.jpg

7 de março de 2010

Funções cognitivas e seus métodos de investigação (parte 2) com berinjela



Diferente da observação, o experimento é uma investigação mais voltada para o esclarecimento das relações de causa e efeito. Geralmente, os pesquisadores expõem um grupo de sujeitos a uma condição, causando uma mudança numa variável independente. Então, registram como essa mudança afeta algum comportamento específico, chamado de variável dependente. O método é testa muitas hipóteses, porém, apresenta uma limitação. Mesmo numa situação experimental, não é possível assegurar que outras variáveis não interferiram no processo de investigação. Assim, experimentos bem delineados diminuem a margem de erros e influência de algumas variáveis.

Os testes psicológicos e neuropsicológicos dão ao experimentador certo controle sobre a situação, de modo que cada sujeito se depara com a mesma tarefa e com os mesmos estímulos. Para uma prática bem fundamentada, é necessário, além do domínio das teorias psicológicas, um examinador bem treinado e com conhecimentos técnico-práticos em relação ao teste que irá aplicar. Além disso, a escolha do teste a ser utilizado é tão importante quanto a investigação em si. Baterias extensas ou aplicações desnecessárias podem causar certa desmotivação, além de levar o indivíduo à fadiga.

Desde o surgimento e aperfeiçoamento das técnicas de neuroimagem, foi possível entender de maneira mais aprofundada sobre o comportamento humano e o funcionamento cerebral. É possível, hoje, investigar as ligações existentes entre o cérebro e a sua mente com um conjunto de ferramentas cada vez mais potentes e eficazes, como, por exemplo, as técnicas de Ressonância Magnética funcional (fMRI) ou tomografia computadorizada por emissão de pósitrons (PET Scan). Contudo, certas questões metodológicas ainda precisam ser melhoradas. Normalmente, estudos com essa tecnologia são realizados com adultos, devido ao grau de cooperação e imobilidade física. Técnicas de relaxamento são utilizadas em crianças, mas mesmo assim, as condições experimentais ainda exigem certo cuidado.


Para saber mais:

Uehara, E. Ontogênese das funções cognitivas: Uma abordagem neuropsicológica. Dissertação de mestrado PUC-Rio, 2010.

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http://tudosimples.files.wordpress.com/2008/02/lapis-de-cor.jpg

5 de março de 2010

Funções cognitivas e seus métodos de investigação (parte 1) com sardela



Nas últimas décadas, os psicólogos aprimoraram vários métodos para a coleta de dados sobre o desenvolvimento infantil, em especial sobre o desenvolvimento das funções cognitivas. Entre os mais amplamente usados estão as observações, os experimentos, as entrevistas e os questionários, os testes psicológicos e neuropsicológicos e por fim, as técnicas de neuroimagem. Nenhum método pode responder a todas as questões, mas cada um tem um papel estratégico a desempenhar sobre determinado assunto. Em geral, a melhor estratégia é utilizar um ou mais métodos combinados para realizar uma investigação mais aprofundada a respeito do sujeito.


A observação é um excelente método para reunir informações objetivas. O pesquisador faz uso da observação e do registro sistemático e não-tendencioso para entender melhor a respeito de um comportamento específico. As observações podem ser naturalistas, ou seja, o pesquisador observa as crianças durante suas atividades cotidianas, registrando o que acontece em casa ou na escola. Esse tipo de observação possui um caráter mais ecológico, o comportamento está muito mais perto da realidade do dia-a-dia. No entanto, também podem ocorrer num laboratório, onde são observadas de maneira discreta. O ambiente de coleta é mais controlado, nesse caso, o pesquisador pode isolar algumas variáveis mais facilmente.

Nos métodos de entrevista e questionário, as perguntas podem ser estruturadas e padronizadas ou livres e moldadas de acordo com o indivíduo. No primeiro tipo, os itens são mais direcionados e objetivos, enquanto no segundo, o enfoque é dado às particularidades da pessoa, havendo uma maior reunião de informações. Esse método fornece uma boa alternativa à observação. Muito do que se sabe sobre os comportamentos dos bebês e crianças pequenas baseiam-se em entrevistas ou questionários preenchidos pelos responsáveis e educadores.

Para saber mais:

Uehara, E. Ontogênese das funções cognitivas: Uma abordagem neuropsicológica. Dissertação de mestrado PUC-Rio, 2010.

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