22 de outubro de 2008

Modelo Híbrido das Funções Executivas com charutos de folha de uva



Barkley (1997a, 1997b) afirma que a inibição comportamental inclui a inibição de respostas prepotentes, inibindo as vias de respostas e controle de interferência, fundamentalmente contribuem para o funcionamento de várias outras funções executivas como a memória de trabalho (verbal e não-verbal), auto-regulação do afeto, motivação e ativação e reconstituição (análise e síntese da informação).

A memória de trabalho refere-se à capacidade de manter em mente informações e utiliza-las para orientar o comportamento imediato na ausência de sinais informativos externos (Goldman-Rakic, 1995). Barkley divide a memória de trabalho em dois componentes primários - memória de trabalho verbal (internacionalização da fala) e memória de trabalho não verbal.

Na auto-regulação do afeto, na motivação e no componente de ativação, uma parte da auto-regulação do sistema executivo destaca-se que as emoções são reguladas pelo auto-monitoramento. Esse componente também inclui a auto-regulação da vontade ou de estados motivacionais e de ativação, necessário para a manutenção e realização do comportamento alvo-dirigido. Assim, a capacidade de auto-regulação e a capacidade de trazer estados emocionais como suporte para um comportamento alvo-dirigido também incorpora a inteligência para ajustar e induzir a motivação e a ativação na manutenção do comportamento.

O componente de reconstituição do modelo de Barkley representa duas atividades relacionadas - análise e síntese - e pode ser explicado como a capacidade de separar unidades de seqüências comportamentais (análise) e recombiná-los em novas formas criativas de seqüências de comportamento (verbal ou não-verbal). Em suma, as quatro funções executivas são tomadas ao comportamento que são controladas pelo ambiente imediato, a fim de proporcionar uma noção de tempo e de prever um comportamento que é intencional.


Essa teoria foi formulada com o intuito de compreender os complexos problemas cognitivos e comportamentais caracterizados em crianças com TDAH, mas modelo de Barkley também é relevante para a compreensão do desenvolvimento normal. Assume-se que não existe qualquer distinção entre os processos subjacentes do funcionamento executivo normal e anormal; crianças com TDAH possuem um atraso no desenvolvimento no que diz respeito à função inibitória.


Para saber mais:
Barkley, R.A. ADHD and the nature of self-control. New York: Guilford, 1997a.
Barkley, R.A. Behavioral inhibition, sustained attention, and executive functions. Psychological Bulletin, 121, 65-94, 1997b.
Brocki, K.C.; Bohlin, G. Executive functions in children aged 6 to 13: a dimensional and devepment study. Developmental Neuropsychology, 26 (2), 571-593, 2004.

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21 de outubro de 2008

Disfunção Executiva com arroz marroquino



O mau funcionamento executivo também pode ser chamado de disfunção executiva. Uma variedade de quadros podem descrever a disfunção executiva já que é um construto multifacetado. Dentre os prejuízos mais observados pode-se incluir a incapacidade de se concentrar ou manter a atenção, impulsividade ou desinibição, memória de trabalho reduzida, dificuldades no monitoramento ou regulação do desempenho, incapacidade de planejar ações com antecedência, desorganização, prejuízo na capacidade de raciocínio, gerando dificuldades na criação e/ou implementação de estratégias, comportamento perseverativo, resistência à mudança, dificuldades na transferência entre atividades que geram conflitos e incapacidade de aprender com os próprios erros. Percebe-se que a disfunção executiva está geralmente associada à preocupações acadêmicas ou no local de trabalho.



A disfunção executiva pode também estar associada com o afeto mal-adaptativo, nível de interesse, iniciativa e comportamento moral e social. Por exemplo, pacientes com disfunção executiva podem se apresentar como uma pessoa apática, desmotiva, impulsiva, argumentativa. Eles podem fazer perguntas embaraçosas ou socialmente inadequadas, fazer declarações que podem magoar ou contar piadas impróprias. Esses pacientes geralmente ignoram as consequências sociais de suas ações, além de regras e convenções sociais. Como consequência, muitos pacientes que apresentam essa disfunção exibem pobre competência interpessoal, assim como dificuldade em manter relações sociais.


Por isso, quando olhamos para o desenvolvimento, devemos ter em mente que alguns comportamentos não podem ser considerados como "desviantes", como é o caso do bebê ou da criança pequena. Portanto, é essencial que as expectativas do desenvolvimento dos processos executivos sejam bem compreendidos.


Para saber mais:
Anderson, V; Jacobs, R.; Anderson, P.J. Executive functions and the frontal lobes: a lifespan perspective. NY: Psychology Press, Taylor & Francis Group, 2008.

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Definindo Funções Executivas com tabule



Segundo David (1992), as descrições sobre as funções executivas indicam que elas englobam os mais altos níveis de funcionamento humano, tais como inteligência, pensamento, autocontrole e interação social. As funções executivas são responsáveis pela síntese de estímulos externos, a preparação para a ação e formação das estratégias, mas também é importante para permitir que a ação seja executada, bem como a verificação de que o reumo adequado foi tomado (Luria, 1973). Lezak (1982, 1983) descreve os processos executivos como as capacidades mentais necessárias para a formulação de objetivos, planejamento de como alcançá-los e a maneira mais eficaz de realizá-los.


Da mesma forma, Welsh e Pennington (1988) definem funções executivas como "a capacidade de maneter um conjunto adequado de resolução de problemas para a utilização num objetivo futuro", inclui a capacidade de inibir ou adiar uma resposta, planejar estrategicamente as ações futuras e manter uma representação mental do objetivo pretendido. Além disso, as funções executivas são um processo ou uma coleção de funções interrelacionadas, que são responsáveis por um objetivo direcionado ou comportamento orientado para o futuro. Esse construto tem sido citado como o "maestro" que controla, organiza e dirige as atividades cognitivas, respostas emocionais e do comportamento (Gioia, Isquith e Guy, 2001). Os elementos-chave das funções executivas incluem: 1) antecipação e utilização da atenção; 2) impulsos e auto-regulação; 3) inicialização de atividades; 4) memória de trabalho; 5) flexibilidade mental e valorização do feedback; 6) capacidade de planejamento e organização; e 7) seleção de estratégias eficazes na resoluação de problemas (Gioia, Isquith, Guy e Kenworthy, 2000).


As funções executivas não são exclusivas dos processos cognitivos, mas também são caracterizadas nas respostas emocionais e ações comportamentais. A partir disso, foi proposto recentemente que os processos que constituem as funções executivas poderiam ser dicotomizadas como processos executivos "cool" (frios) ou "hot" (quentes). Os processos executivos "cool" são considerados processos puramente cognitivos. (Zelazo, Qu e Muller, 2004). Em contraste, os processos executivos "hot" referem-se a aspectos afetivos do funcionamento executivo que são necessários quando uma situação é significativa e envolve a regulação do afeto e motivação.


Para saber mais:

Anderson, V; Jacobs, R.; Anderson, P.J. Executive functions and the frontal lobes: a lifespan perspective. NY: Psychology Press, Taylor & Francis Group, 2008.

* Sobre informações mais detalhadas sobre as referências citadas no texto, envie-me um e-mail.

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20 de outubro de 2008

Funções Executivas com tomate recheado


As funções executivas não são um processo cognitivo unitário, mas um construto psicológico que é composto por componentes integrantes de várias habilidades cognitivas superiores. Uma infinidade de definições para esse construto tem sido porposta, porém, essas são amplas e gerais, devido sua multiplicidade de componentes. Ao longo dos tempos, diversos modelos teóricos das funções executivas têm sido desenvolvidos e influenciado as práticas clínicas e de investigação.

Estudos e pesquisas que visam investigar melhor esse construto são relevantes, pois fornecem a base para a construção de testes mais focados e sensíveis a componentes específicos das funções executivas, investigação do desempenho e comportamento no cotidiano, além do desenvolvimento e compreensão das funções executivas em si.

A partir dessa postagem, estarei dando um maior enfoque nas funções executivas e todas as questões que permeiam esse constructo.

6 de outubro de 2008

Plasticidade com alface crespa


Por volta de 1930, o termo plasticidade foi introduzido pelo fisiologista alemão Albrecht Bethe como sendo a capacidade do organismo em adaptar-se às mudanças ambientais devido a ação sinérgica de diferentes órgãos coordenados pelo Sistema Nervoso Central (SNC). Este conceito tem evoluído ao longo desses anos e atualmente pode ser definido como a mudança adaptativa na estrutura e função do sistema nervoso, que ocorre em qualquer fase da ontogenia, como função de interações com o meio ambiente interno e externo, ou ainda como resultante de lesões que afetam o ambiente neural.

A plasticidade cerebral deve ser vista como um conceito multidimensional. Ela apresenta um processo dinâmico que delimita as relações entre estrutura e função, uma resposta adaptativa impulsionada por desafios do meio ou por lesões, assim como estrutura organizacional instrínseca do cérebro que se mantém ativa durante toda a vida.

A plasticidade pode ser dividida em três níveis:

1- Neuroquímico: alteração de neurotransmissores e neuromoduladores durante o crescimento e o desenvolvimento.

2- Hedológico: envolve diversos padrões de conexão entre os neurônios e o número de sinapses ativas.

3- Comportamental: modificação de estratégias cognitivas de acordo com os desafios ambientais.

Para saber mais:

Mello, C.B.; Miranda, M.C. e Muszkat, M. A Neuropsicologia do Desenvolvimento: Conceitos e Abordagens. São Paulo: Memnon, 2005.

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