25 de setembro de 2008

Sinaptogênese e Mielinização com fettuccine à carbonara


No que diz respeito ao desenvolvimento cerebral infantil, a sinaptogênese é uma das fases mais relevante no processo maturacional e de aprendizagem da criança. O processo de aprendizagem depende das sinapses, das conexões que os neurônios estabelecem entre si, pois é através dessas conexões que se dá a formação das redes neurais e consequentemente, o aprendizado. Caso essas sinapses não sejam estimuladas, as mesmas podem ser perdidas.

Entretanto, é no sexto mês de vida intra-uterina que ocorre o estágio final da maturação do sistema nervoso, marcado pelo processo de mielinização, intensificando-se após o nascimento, em torno dos dois anos. A mielina forma uma bainha isolante que contribui para aumentar a velocidade de propagação do impulso nervoso, atribuindo maior eficiência na transmissão da informação. Desse modo, o processo de mielinização tem uma relação direta com a aprendizagem.

Nas diferentes áreas do córtex, não há uma mielinização homogênea. As regiões corticais com mielinização precoce controlam movimentos relativamente simples ou análises sensoriais, enquanto as áreas com mielinização tardia controlam as funções mentais elevadas. Assim, pode-se afirmar que a mielinização funciona como um índice aproximado da maturação cerebral.

Existe um período no processo de maturação do sistema nervoso, que o organismo é particularmente vulnerável, chamado de “período crítico do desenvolvimento”. Nesse período, os processos de desenvolvimento cognitivo podem ser mais facilmente alterados ou tornarem-se permanentes. Por isso, qualquer dano ou lesão ocorrido em alguma das fases pode ter uma conseqüência mais grave no desenvolvimento do ser humano.

Para saber mais:
Miranda, M.C.; Muszkat, M. Neuropsicologia do Desenvolvimento. In: Andrade, V.M.; Santos, F.H. dos e Bueno, O.F.A. Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004.

Kolb, B.; Whishaw, I.Q. Neurociência do Comportamento. Barueri: Editora Manole Ltda, 2002.

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24 de setembro de 2008

Eventos Progressivos do Desenvolvimento Cerebral com ravioli de espinafre


Para que o desenvolvimento cerebral da criança seja melhor compreendido, abaixo será listado os principais eventos progressivos (indução neural, proliferação celular, migração e agregação seletiva, diferenciação neural e sinaptogênese), seguido por uma breve descrição das respectivas fases.

Na indução neural, o evento principal é a interação entre o ectoderma e o mesoderma subjacente. O mesoderma é determinante na diferenciação de parte do ectoderma em encéfalo e medula espinhal.

A fase da proliferação celular é marcada pelo surgimento de células-filhas a partir de células precursoras. A proliferação celular se intensifica após a formação do tubo neural, e este passa a ser formado de várias camadas celulares.

O processo de migração acontece até o final do quinto mês, que será o futuro córtex cerebral, ocorre uma lentificação no processo, porém, continua até o nascimento. Na fase de agregação, os neurônios jovens afins se agrupam e iniciam a formação de camadas ou núcleos, entidades grupos cito-arquitetônicas.

A fase de diferenciação neural consiste na gradativa expressão dos fenótipos neurais: no plano morfológico, o corpo celular aumenta em volume e o citoplasma emite prolongamentos; no plano bioquímico, os neurônios diferenciados começam a sintetizar moléculas que garantirão a função neural madura e no plano funcional, surgem e amadurecem no neurônio os diferentes sinais elétricos que serão utilizados para gerar, receber e transmitir informações. Nesta fase, o neuroblasto se transforma em neurônio propriamente dito.

A partir dessas especializações no plano morfológico, bioquímico e funcional, inicia-se a formação de conexões entre neurônios e estruturas efetuadoras. Essas conexões são denominadas sinapses e permitem a passagem do impulso nervoso entre as células.

Para saber mais:
Lent, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu, 2001.

Reed, U.C. Desenvolvimento normal do sistema nervoso central. Cap 21. In: Nitrini, R.; Bacheschi, L.A. A neurologia que todo médico deve saber, 2ed. São Paulo: Atheneu, 2005.

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23 de setembro de 2008

Maturação do Sistema Nervoso com capeletti de carne


O sistema nervoso surge na 3ª a 4ª semanas pós-fecundação no embrião, como um espessamento longitudinal do ectoderma denominado placa neural; ao invaginar-se, esta placa se transforma em sulco neural e, posteriormente, em tubo neural. É a partir dele que o sistema nervoso central irá se desenvolver.


Ao longo do crescimento, o tubo neural se contorce e transforma-se em uma estrutura composta de três dilatações, conhecidas como vesículas encefálicas primitivas através do processo de diferenciação, dando origem às principais estruturas anatômicas principais do indivíduo adulto.


Na porção rostral do tubo neural, chamada de prosencéfalo, dará origem ao telencéfalo. que por sua vez, originará o córtex cerebral e os núcleos de base, e o diencéfalo. A porção do meio é chamada mesencéfalo; como não se modifica muito, continua sendo chamada assim. Já a porção caudal é chamada de rombencéfalo e, ao se dividir, dá origem ao metencéfalo, que por sua vez originará o cerebelo e a ponte, e ao mielencéfalo, que originará o bulbo.


O início do desenvolvimento do sistema nervoso se dá a partir de poucas células do embrião, chamadas de células-tronco neurais, que sofrem no útero, um grande crescimento chegando a atingir centenas de bilhões de células. Essas células possuem grande capacidade de autorenovação, capazes de se dividirem milhares de vezes, além de gerarem as células-mãe (precursoras), originando assim todos os tipos de neurônios e de gliócitos (células glias ou gliais) do sistema nervoso.


Para saber mais:

Bear, M.F.; Connors, B.W.; Paradiso, M.A. Neurociências: Desvendando o Sistema Nervoso. Porto Alegre: Artmed, 2002.


Lent, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de neurociência. São Paulo: Atheneu, 2001.


Kolb, B.; Whishaw, I.Q. Neurociência do Comportamento. Barueri: Editora Manole Ltda, 2002.


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19 de setembro de 2008

O Conteúdo do Pensamento com couve-flor gratinada



O conteúdo do pensamento caracteriza-se à temática do pensamento, às qualidades ou características das idéias. As alterações do conteúdo são concretismo, idéias obsessivas, idéias delirantes e idéias deliróides.

Concretismo ou pensamento empobrecido: discurso pobre em conceitos abstratos, metáforas e analogias (exemplo: demência, delirium, retardo mental e esquizofrenia).

Idéias obsessivas: idéias absurdas, irracionais, sem sentido tidas pelos próprios pacientes; o indivíduo se esforça para afastar essas idéias de sua mente ou realiza rituais preventivos ou expiatórios (exemplo: sacrilégios, tentações, preságios).

Idéias delirantes: fenômeno primário, isto é, psicologicamente incompreensível, algo novo que se insere em um determinado instante.

Idéias deliróides: origina-se de alterações profundas de outras áreas da atividade mental que não o pensamento, que produzem juízos falsos (exemplo: deprimido com idéias de ruína ).

Para saber mais:

Cheniaux, E. Manual de Psicopatologia. 2a ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Kogan S.A., 2005.
Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: ArtMed, 2000.

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17 de setembro de 2008

Avaliação Neuropsicológica Infantil com purê de batata baroa


O objetivo da avaliação neuropsicológica é investigar a presença de déficits cognitivos, sendo capaz de definir a extensão do comprometimento através de uma análise quantitativa e qualitativa dos resultados obtidos.


Este exame consiste na aplicação de escalas e testes psicológicos associados a entrevistas de anamnese, observação do comportamento e exames para que se possa ter um panorama do funcionamento cognitivo e comportamental da criança. Os testes utilizados incluem baterias que avaliam o processamento intelectual, habilidades adaptativas, atenção, funções executivas, memória, linguagem – fala receptiva e expressiva, lateralidade, habilidades vísuo-perceptivas, vísuo-espaciais e vísuo-construtivas, aprendizagem e aspectos emocionais.


Contudo, no que diz respeito à avaliação neuropsicológica infantil deve-se levar em consideração a maturação do sistema nervoso e o desenvolvimento cognitivo. Portanto, a avaliação neuropsicológica infantil deve ser sensível ao conjunto de sinais cognitivos e comportamentais apresentados durante o desenvolvimento da criança, reconhecendo-o como uma desordem do processamento neuropsicológico ou não.


Estar atento à compreensão das relações entre o cérebro e o desenvolvimento infantil, bem como das interações recíprocas da psicologia infantil e sua organização neurobiológica, é um fator relevante no estudo da neuropsicologia do desenvolvimento e na avaliação de crianças.


Para saber mais:

Miranda, M.C.; Muszkat, M. Neuropsicologia do Desenvolvimento. In: Andrade, V.M.; Santos, F.H. dos e Bueno, O.F.A. Neuropsicologia Hoje. São Paulo: Artes Médicas, 2004.

Riechi, T.I.J.S. Avaliação Neuropsicológica Infantil: o ideal e o real. In: Macedo, E.C., Mendonca, L.I.Z., Schiecht, B.B.G. & Ortiz, K.Z. & Azambuja, D.A. Avanços em Neuropsicologia: das Pesquisas à Aplicação Clínica. Sao Paulo: Santos, 2007.

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16 de setembro de 2008

Neuropsicologia e Avaliação Neuropsicológica com purê de batatas


A neuropsicologia é uma confluência entre as áreas das neurociências, ou seja, da neurologia, neuroanatomia, neurofisiologia, neuroquímica e as ciências do comportamento. Esta nova área de conhecimento pode ser definida como uma ciência multidisciplinar, que procura estabelecer uma relação entre o cérebro e o comportamento humano. Investigando o papel desempenhado por sistemas cerebrais individuais em diferentes níveis de complexidade de atividade mental, em condições normais e patológicas.

Deste modo, como a neuropsicologia envolve o domínio das relações e interelações das funções cerebrias e do comportamento, para que haja essa investigação, a neuropsicologia necessita de instrumentos que possibilitem tal estudo como a avaliação neuropsicológica.

A avaliação neuropsicológica é um instrumento relevante na investigação das funções mentais, que tem se mostrado de valor fundamental no auxílio diagnóstico, elaboração do prognóstico, orientação para o tratamento, além do planejamento da reabilitação. Este exame consiste na aplicação de escalas e testes psicológicos associados a entrevistas de anamnese, observação do comportamento e exames para que se possa ter um panorama do funcionamento cognitivo e comportamental da criança.

Para saber mais:

Walsh, K.W. Neuropsychology: a clinical approuch. Ed. Churchill Livingstone, 3rd ed, 1994.

Camargo, C.H.P.; Bolognanu, S.A.P.; Zuccolo, P.F. O exame neuropsicológico e os diferentes contextos de aplicação. In: Malloy-Diniz, L.F.; Camargo, C.H.P.; Cosenza, R.M. et al. Neuropsicologia: teoria e prática. Porto Alegre: Artmed, 2008.


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12 de setembro de 2008

Psicopatologia e Pensamento com Alecrim


O pensamento é constituído por diferentes dimensões do processo de pensar e pode ser distinguido por alguns momentos do pensamento como o Curso, a Forma ou Estrutura e o Conteúdo ou a Temática do pensamento.

O curso do pensamento é caracterizado pela maneira como o pensamento flui, sua velocidade e fluxo ao longo do tempo. Suas principais alterações são a aceleração, lentificação, bloqueio, roubo e inserção do pensamento. A aceleração flui muito rapidamente, onde uma idéia é seguida pela outra (exemplo: quadros de mania, alguns tipos de esquizofrenia, estados de ansiedade intensa). Já a lentificação flui bem lentamente e com um certa dificuldade e latência (exemplo: depressões graves, alguns quadros de rebaixamento da consciência). O bloqueio do pensamento caracteriza-se pela interrupção brusca e repentina do pensamento, sem motivo aparente (exemplo: esquizofenia). No roubo do pensamento, a pessoa tem a sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente por alguém ou alguma coisa. (exemplo: esquizofrenia). A inserção do pensamento é bem parecida com a alteração anterior, pois não é algo da própria pessoa, seria a inserção de novos pensamentos por outras pessoas ou por algo.

Definimos forma do pensamento como a estrutura básica do mesmo que é preenchida por diversos conteúdos e interesses da pessoa. As principais alterações são a fuga das idéias, dissociação do pensamento, afrouxamento das associações, descarrilhamento do pensamento e a desagregação do pensamento. A fuiga das idéias é uma alteração secundária a uma aceleração do pensamento mais acelerada, onde uma idéia segue à outra (exemplo: síndrome maníacas). Na dissociação ou desorganização do pensamento, há uma passagem progressiva, sem lógica e bem organizada do pensamento, os juízos não se articulam de forma coerente (exemplo: algumas formas de esquizofrenia). No afrouxamento das associações, as idéias ainda possuem uma certa lógica, mas as associações parecem soltas, não muito bem articuladas (exemplo: início da esquizofrenia e transtornos de personalidade principalmente na esquizotípica). No descarrilhamento, o pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, ocorrendo alguns desvios e atalho (exemplo: esquizofrenia e algumas síndromes maníacas). Já na desagregação do pensamento, há uma grande perda da coerência do pensamento, sobram apenas fragmentos dos mesmos (exemplo: formas avançadas de esquizofrenia e quadros demenciais).

Na próxima postagem, darei continuidade ao tema, inserindo o conceito de conteúdo do pensamento.

Para saber mais:
Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: ArtMed, 2000.

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11 de setembro de 2008

Representação do Conhecimento com Creme de Queijo


O processamento das informações perceptivas internas pode ser chamado de imaginação perceptiva, elas têm como função preparar as pessoas para processar estímulos perceptivos externos e agir no mundo. Ou seja, o estudo das representações do conhecimento auxilia na maneira como nos organizamos e como utilizamos as informações na memória de longo prazo.

Uma teoria muito utilizada para o entendimento desse assunto é a Teoria do Código Duplo defendida por Paivio. Segundo ela, as representações das informações verbais e visuais são separadas, onde na memória humana, o melhor é quando codificamos visualmente e verbalmente uma informação.

As informações quando assimiladas são representadas em diferentes regiões do cérebro. Tanto as informações imaginadas quanto as informações perceptivas são representadas e processadas da mesma maneira.
Resumindo, a maneira como a informação é representada pode, conseqüentemente, afetar o modo como ela é processada.

Para saber mais:
Anderson, J.R. Psicologia Cognitiva e suas implicações experimentais.
Rio de Janeiro: LTC, 2004.

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8 de setembro de 2008

Psicopatologia e Memória com Açafrão


A memória é uma função cognitiva que tem como função fixar, conservar e evocar as impressões sensoriais recebidas, transmitidas e conscientizadas através das sensações. Essa função é altamente relacionada com a consciência do eu e o tempo interior, além de ser influenciada pela afetividade e a vontade.

As alterações na memória podem ser de ordem quantitativa ou qualitativa. As quantitativas são a hipermnésia (capacidade aumentada - casos de mania e uso de estimulantes), ecmnésia (súbita lembrança de determinados períodos do passado - epilepsia e afogados), criptomnésia ( contrário da ecmnésia - epilepsia), hipomnésia de fixação (incapacidade na retenção e recordação de acontecimentos recentes - demências, TCE, AVC) e hipermnésia de evocação (incapacidade de evocar fatos do passado remtoto).

As qualitativas são a alomnésias (ilusões de memória e falsas reminiscências) e paramnésias (alucinação de memória, lembranças de fatos que nunca existiram - esquizofrenia).



Para saber mais:

Dalgalarrondo, P. (2000). Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais. São Paulo: Artmed.


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1 de setembro de 2008

Lobo Frontal e Funções Executivas com Bacalhau à Gomes de Sá

As funções executivas dizem respeito ao princípio de organização necessário ao lidar com situações flutuantes e ambíguas do relacionamento social.

Além disso, está igualmente relacionada com à formulação de objetivos e de conceitos, motivação, planejamento, auto-regulação, insight, abstração, análise, manipulação de conhecimentos adquiridos e flexibilidade mental.

Lesões no lobo frontal podem causar perseveração, problemas na flexibilidade do pensamento e no planejamento, alteração na maneira como o indivíduo responde a uma dada solicitação, afetando o conteúdo de sua resposta, entre outros.



Para saber mais:

Abreu, I. D.; Forlenza, O.V. e Barros, H.L. Demência de Alzheimer: correlação entre memória e autonomia. Rev. Psiq. Clín. 32 (3); 131-136, 2005.


Nitrini, R.; Caramelli, P. e Mansur, L. Neuropsicologia: das bases anatômicas à reabilitação. Conceitos anatômicos básicos em neuropsicologia. GNCC: 11-30, 2003.


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